quarta-feira, 31 de março de 2010

Orgulho do Brasil

Olha, sem querer bancar o patriota (quase todo mundo que sai do país para morar fora, de repente, veste a camisa do Brasil, né...), tem umas coisas que parecem só ficar mais claras depois de um tempo, e de um certo grau de distanciamento. A gente tem mania de reclamar do Brasil, de dizer que nada nele presta. É verdade que o país deixa a desejar em inúmeros aspectos, mas eu me pergunto quantos países no mundo (mesmo os ditos de primeiro mundo) têm órgãos de incentivo à pesquisa como a Capes e o CNPq. Fico me perguntando se nascido em outro país eu teria a oportunidade que estou tendo agora, de estudar e fazer pesquisa em outro lugar, e de ser remunerado por isso. Tive na Argentina ano passado, para apresentar trabalho em um seminário e também para passear, lógico, e percebi que "bolsa" era uma palavra muito pouco pronunciada por lá. E olha que eu estava convivendo com o pessoal da Universidade Nacional de Córdoba, uma das mais tradicionais e importantes do país. Pouquíssimos dos pesquisadores de lá tinham algum tipo de incentivo do governo. Fazer uma parte do curso no exterior, então, acho que nem em sonho. E no Brasil nós temos instituições como Capes e CNPq apoiando este tipo de iniciativa. Sinto-me um felizardo por poder ter essa experiência aqui, coisa que sei que milhares de pessoas gostariam de ter e não tem a oportunidade que tive. É trabalhoso e burocrático submeter-se ao processo de seleção para uma bolsa de doutorado-sanduíche??? É! Mas é claro que tem que ser! Fiz as contas e vi que a Capes vai gastar, nesse meu ano de Espanha, cerca de 50 mil reais comigo!!! É muito dinheiro. E é claro que ela não vai querer mandar ao exterior qualquer "Zé Doidinho". Tem mais é que exigir mesmo todos os documentos que ela exige. E ainda acho que ela é até branda, porque não acharia nem um pouco abusivo que eles marcassem uma entrevista com cada candidato, para olhar no olho de quem tá querendo tamanho investimento. É isso aí, em certos aspectos eu tenho sim orgulho de ser brasileiro.

Barcelona: cidade cara?

Sempre ouvi dizer que Barcelona era uma cidade cara. Inclusive muitas pessoas me diziam "nossa, você quer morar em Barcelona? Mas tudo lá é caríssimo!". Confesso que eu ficava meio assustado, mas continuava firme no meu propósito, afinal, muita gente da Unisinos já tinha vindo na época do Projeto Brasil-Espanha e todos sobreviveram, portanto não seria justamente eu aquele que não iria conseguir se sustentar na capital catalã. Mas qual não foi a minha surpresa ao chegar aqui e perceber que Barcelona tem muita coisa barata sim!!! Não sei se por causa da crise os preços mudaram nos últimos tempos, o que sei é que se consegue viver aqui financeiramente sem dificuldades. É claro que a cidade é absolutamente turística e é óbvio que na zona turística as coisas têm mesmo um preço mais salgado. Mas isso acontece com qualquer cidade turística no mundo todo. Se você for fazer turismo em Fortaleza e se hospedar no Meireles a sua percepção da cidade vai ser outra. Se você tomar café na Delitália, almoçar no Sal e Brasa, jantar no Cemoara, fazer supermercado no Pão de Açúcar do Náutico e fazer compras nas lojas e shoppings da Praça Portugal você vai sair de Fortaleza dizendo que ela é uma cidade cara, sem nem saber da quantidade de coisas baratas que a cidade também tem. Com Barcelona acontece a mesma coisa!!! Se você vem para cá como turista, passa 4 ou 5 dias e fica restrito ao circuito turístico vai ter uma percepção de que aqui o custo de vida é caro. Mas se você mora aqui e tem tempo para descobrir as coisas vai sentir que tem inúmeras possibilidades de "usar" a cidade de maneira barata. Comida de supermercado, por exemplo, é muito barata!!! Para vocês terem uma idéia, no supermercado que eu vou têm muuuuuuuuuuuitos, mas muuuuuitos produtos que não chegam a 1 euro!!! Enfim, surpreendi-me positivamente com os preços daqui, mas como morador que sou. Quando chega no final de semana e eu visto minha roupa de turista percebo que têm umas coisas que realmente são carinhas... Mas, aviso aos turistas: Mc Oferta aqui custa 5 euros!!! E mata a fome!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Os carros em Barcelona...

Para um fã de carro como eu estava faltando um post sobre minhas impressões automobilísticas de Barcelona. Pois bem, aqui, apesar da crise, tenho visto muitos carros novos nas ruas, inclusive muitos modelos que nem foram lançados ainda no Brasil. Como seria de se esperar, a marca que mais vemos nas ruas é a Seat, marca espanhola de automóveis, que faz parte do grupo da Volkswagen. As francesas Renault, Citroen e Peugeot também marcam presença nas calles de Barcelona. Uma coisa que me chamou bastante a atenção foi que, graças a Deus, a febre dos SUV (Sport Utility Vehicle - em português claro: os jipes tipo Hilux, Pajero, Sportage, Tucson, etc.) parece que não chegou por aqui... Ao contrário do cenário norte-americano, onde parece obrigatório todo cidadão ter um jipão na garagem, o panorama catalão mostra que aqui o povo gosta mesma é de sedan (carro com porta-mala saliente, tipo o Corolla, Civic, Pallas) e de hatch (carro compacto, tipo Gol, Fox, Palio). Nem as minivans (tipo Picasso, Scenic, Meriva, Zafira), também tão famosas no Brasil, a gente vê muito pelas ruas... Talvez seja porque aqui "família grande" trata-se de um termo em desuso, e, de fato, acaba não fazendo muito sentido ter uma minivan para levar uma só criança no banco de trás. Eu acho um bem à beleza das ruas a ausência dos jipes e camionetes, grandalhões e espalhafatosos! Jipe é carro de fazendeiro, já diz há tempos meu sábio pai, no que eu concordo em gênero, número e grau! Gosto de carro clássico, elegante e prático e, nesse sentido, tem sido um colírio andar pelas ruas da capital catalã!

domingo, 28 de março de 2010

FGC ou Trensurb?

Para ir para a UAB eu tenho que pegar o metrô até a Praça Catalunya e lá pegar um trem da FGC (Ferrocarrils de la Generalitat de Catalunya). Trata-se de um trem super confortável (com cadeiras acolchoadas, ar condicionado/ar quente) e rápido, bem diferente do Trensurb, o trem que liga São Leopoldo à Porto Alegre, e que eu peguei por 4 anos seguidas vezes. Mas eis que em alguns momentos eu me pergunto se estou na Catalunya ou no Rio Grande do Sul, quando entram no trem pessoas cantando, tocando e fazendo alguma arte em troca de uns trocados... Esse tipo de coisa era a cara do Trensurb. Mal a gente entrava no trem aparecia uma dupla de criança cantando música sertaneja, alguém vendendo adesivos para comprar o remédio da filha ou vestidos de palhaço fazendo piada e pedindo uma grana para comprar o leite caríssimo do filho que tem intolerância à lactose. Mas, diferentemente do que acontece no RS (e em todo o Brasil), aqui criança não trabalha. Nas ruas você vê inúmeras apresentações artísticas em troca de algum agrado, mas jamais envolvendo criança. E aqui também eles não te cercam. A galera entra no FGC, canta, toca, dança e vai passando discretamente pelo corredor para ver quem vai dar algum dinheiro, mas sem dirigir-se diretamente ao povo que tá sentado. Mas confesso que algumas vezes fecho os olhos na hora da cantoria e me recordo dos tempos de Trensurb ("próxima estação: Unisinos").

Beber... e COMER!!!

Já fui em uns dois lugares aqui em Barcelona nos quais você não pode só beber, mas é obrigado a comer também!!! Isso mesmo, esse negócio de ficar bebendo, bebendo e não consumir comida aqui parece que não é muito bem visto. O garçon chega logo com o cardápio de comida perguntando o que vai ser... Teve um desses "gentleman" que foi logo disparando "vocês não podem ficar só nisso de beber não, viu, aqui tem que comer também, tem que ser no mínimo um (e falou o nome da comida, que não me recordo o que é) para cada um!" Huhauahauahua, tive vontade de gargalhar tamanha a sutileza do rapaz! Daí ficamos brincando que os brasileiros gostavam de ficar nessa de beber e conversar. E ele não deixou por menos "mas aqui tem que comer!". E como nós não queríamos ser expulsos do bar porque não queríamos consumir lá se fomos fazer nossos pedidos... batatas bravas (batatas tipo sauté com uns molhos deliciosos), calamares (lula empanada), salada russa (que eu não sei o que tem de russo, porque tava mais pra uma boa maionese de batata cearense!) e por aí vai... até que não foi um mal negócio pedir umas comidinhas!

sábado, 27 de março de 2010

Andar pelas ruas tranquilamente...

... NÃO TEM PREÇO!!!

Olha, eu vou dizer, viu... a gente é muito maltratado no Brasil com esse medo de andar nas ruas, com esse pânico de ser assaltado, agredido, assassinado. Eu já tinha sentido essa sensação outras vezes (em minhas incursões pelos Estados Unidos e pelo Canadá), mas não canso de falar para mim a cada vez que ponho o pé na rua aqui em Barcelona: "É MUITO BOM ANDAR SEM MEDO!!!". É bom demais não ficar olhando as pessoas o tempo todo na tentativa de identificar os meliantes, é prazeroso andar à noite ou de madrugada e saber que vai chegar são e salvo em casa, é indescritível essa sensação de liberdade que a segurança de andar nas ruas da cidade sem pavor pode te trazer. É claro que o conto de fadas acabou faz tempo e não dá para marcar bobeira em canto nenhum, né... É sabido que pelas Ramblas, por exemplo, pelo fato de ter muuuuuuuuuuuuito turista (vocês não fazem idéia do quanto!) - e, consequentemente, dinheiro com esses turistas - há alguns batedores de carteira. Eles puxam e você nem se dá conta. É triste também, mas pelo menos não há violência, eles não vão te apontar uma arma na cabeça pedindo para você passar a carteira ou o celular... O ideal nas Ramblas (e nas estações de metrô mais congestionadas) é que você ande com a carteira na frente.

Enfim, andar à pé durante à noite, sentir o friozinho batendo no rosto e não sentir medo é algo que não dá para explicar!

Suerte com minhas orientadoras

Sou realmente um cara de muita sorte ou, como diriam no Brasil, nasci com a bunda virada para a Lua. Além de ser orientando de doutorado de Denise Cogo (não é para qualquer um...) ainda tenho como co-orientadora aqui na Espanha uma pessoa tão especial como Amparo Huertas. A Amparo foi minha professora em 2007, quando ela, devido ao Convênio Brasil-Espanha (já falei sobre ele em um dos primeiros posts) deu aula na Unisinos para mestrandos e doutorandos. Eu tava no mestrado, mas alí, naquele momento, eu já havia decidido que ela seria a minha co-orientadora no doutorado-sanduíche. E como eu também já falei num post anterior, quando eu decido uma coisa...

A Amparo foi super presente em todo o processo de preparação da documentação para enviar à Capes, fazendo a parte dela sempre com interesse e rapidez. Recebeu-me aqui de braços abertos, apresentou-me a um mundo de gente, mostrou toda a Faculdade de Comunicação, facilitou tudo para a minha estadia aqui. Isso sem falar na grande profissional que ela é, investigadora sensível e competente, capta as coisas no ar, faz a gente refletir sobre coisas que nem imaginávamos. E é rápida, ágil e eficiente como a Denise. COGO, BARSI LOPES e HUERTAS, gostei desse trio!

Um almoço com Othita...

Othita, a equatoriana super simpática e querida que me aluga uma "habitación de su piso", resolveu chamar uns amigos para almoçar sábado passado. Eu adorei, né... adoro comer e queria provar as delícias da Othita, que já tinha me mostrado que tem dotes culinários bem desenvolvidos. A comida tava ótima (eu e Léo aproveitamos muito... hehehe), mas o que me chamou a atenção mesmo foi a maneira como o almoço foi servido, bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. Primeiro uma salada de folhas e atum, depois um risoto de cogumelos, depois uma espécie de mariscada (com peixe, camarão, lula, etc.), depois uma "crema catalã" (sobremesa quente, uma mistura de ovo com limão e canela. Parece bizarro, mas é uma delícia!), depois um "pastel" (que eu estou até agora para saber porque tem esse nome, porque com o nosso pastel ele não tem nada a ver. É uma bolo!!!), para cantarmos os parabéns de um dos convidados, e, por último, um cafezinho. Cada prato só era servido quando todos terminavam o anterior e é claro que quem me conhece deve estar se perguntando o quanto eu atrasei a programação dos pratos, já que sempre demoro uma vida para comer... Pois bem, de fato eu sempre era o último a terminar, mas não fiz feio não... Quando eu via que a galera tava terminando dava um gás nas minhas colheradas! Depois de um almoção desses só me restava deitar na minha confortável cama e honrar uma boa e velha siesta espanhola!

A TV na Espanha...

É claro que para um comunicólogo apaixonado pela profissão como eu estava faltando um post sobre o meio de comunicação mais popular, a boa e velha TV! Bem, tem algumas coisas que têm me chamado a atenção...

1) É impressionante como tem programa de fofoca/"variedades" (o termo eufêmico) aqui!!! Luciana Gimenez ia se sentir super em casa. Mas o que me surpreende um pouco é como eles são meio agressivos. As manchetes são do tipo "Fulano e Beltrana (supostamente famosos) acabaram de se separar. E nós vamos descobrir o motivo para você". Sei lá, acho que no Brasil, se não me engano, eles não pegam assim tão pesado. É tanto barraco no ar, tanto quebra pau que a Márcia Goldsmidcht (sei lá como escreve o nome dessa doida!)ia ser canonizada aqui.

2) A publicidade: praticamente só tem propaganda de carro, cosmético, provedor de internet e seguro. Impressionante, só da isso nos intervalos... Nada de propaganda de loja de roupa, de móveis, de supermercado, de leite, de geladeira, de nada disso... Sinto até falta das belas e emocionantes propagandas do Zaffari/Bourbon (essa foi pro pessoal do RS!). Essas propagandas de seguro são mais recentes, segundo me disse o Léo, publicitário colombiando que mora no mesmo apt. que eu (somos eu, Léo e Othita). Por causa da crise as pessoas começaram a ficar com medo, então proliferaram as campanhas de todo tipo de seguro, desde de carro até seguro-invalidez.

Aos poucos vou contando mais coisas das mídias espanholas... É só aguardar!

E quem precisa de carro???

Aqui em Barcelona não ser motorizado não é problema! O sistema de metrô aqui é absolutamente fantástico!!! Difícil você ter que ir a algum lugar que não fique perto de uma estação do metro. Eu ainda não vivi essa situação... Da minha casa são duas estações que estão próximas, se enjoar do caminho até uma no dia posso pegar o metrô na outra! Rsrsrsrsrs. Metrô rápido, limpo, confortável, enfim, muito eficiente. Eles já estão construindo a nona linha. As estações parecem até alguns aeroportos, tem umas que até esteira rolante têm! Na madrugada de sábado o metrô funciona até 2h e na madrugada de domingo ele não pára. Volta para casa garantida para os amantes da noite...

Os idosos em Barcelona...

Estando aqui foi que percebi, verdadeiramente, a profundidade do processo de envelhecimento da população, Como aqui tem gente idosa!!! E como eles parecem ter qualidade de vida! Você vê os vovôs e vovós em todo canto, e em toda hora. Aqui não tem essa história de que gente velha não sai de casa... Eles estão no mercado, fofocando nos cafés, pegando metrô, andando com os cachorros, enfim, eles usam mesmo a cidade, e a cidade respeita essas cidadãos. Aqui tem rampa pra todo lado, calçadas bem cuidadas, praças bem equipadas, enfim, a terceira idade aqui deve se sentir convidada pela cidade a circular por ela. E eles aceitam mesmo o convite! Deve ser bom ser um vovô em Barcelona...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Trabalho de Campo

Faço parte de um projeto (sim, não vim aqui só para passear não... rsrsrsrs) como pesquisador convidado da UAB. O projeto, falando de maneira breve e simplificada, procura investigar o uso do tempo livre por parte dos jovens, suas relações com os meios de comunicação (especialmente internet e celular) e as sociabilidades entre a juventude migrante e a nascida aqui em Barcelona.

Daí, essa semana fomos fazer trabalho de campo em uma escola pública em Badalona (como se fosse uma "periferia" daqui) e duas coisas me chamaram a atenção:

1) A diretora e as professoras da escola falaram que os pais que são daqui mesmo de BCN não querem que seus filhos estudem mais nas escolas públicas, porque elas estão cada vez mais cheias dos filhos dos imigrantes e eles (nativos daqui) não querem que sus hijos convivam com latinos, chineses, marroquinos (os os filhos desses indivíduos, que mesmo que tenham nascido aqui não deixam de ser filhos de imigrantes). Então, esses filhos de catalãos menos abastados estão indo para as escolas concertadas, que são escolas privadas, mas que destinam parte de suas vagas para alunos que não podem pagar. É como se fosse um colegio particular, mas que tem uma parte das vagas voltada para alunos de escola pública. E nas escolas particulares estudam os catalãos de classe média e alta.

2) Têm muitos chineses por aqui, muitos mesmo! E daí, na hora de aplicar os questionários com os adolescentes chineses (mesmo os que já nasceram aqui) era um problema sério, porque eles simplesmente não escrevem em castelhano e nem em catalão!!! E o questionário têm várias perguntas abertas. Daí as professoras falaram que é assim mesmo, que os chineses demoram muuuuuuuuuuuuuito a integrar-se à comunidade e que eles acabam falando só com os outros chineses. Eles ainda arranham para falar, mas ler e escrever é um transtorno para esses jovens. Daí que nós (eu e a equipe do projeto) tínhamos que usar de toda a nossa pedagogia para fazer com que os questionários fossem respondido por eles, algumas vezes tendo que nós mesmos escrever em seus lugares. A gente perguntava, eles diziam e nós escrevíamos. E quando eles falavam mandarim?!?!?!?!?! Jesus Cristo, a gente não sabia o que fazer... Daí eu fiquei pensando como é difícil você viver num lugar e não saber a língua desse lugar. Porque uma coisa é eu ir passar uns dias na Alemanha e não saber falar alemão (e mesmo assim deve ser desconfortável), outra completamente distinta é viver uma vida numa cidade e não conseguir se comunicar bem com ela. Que difícil essa situação... Mas me chamou muito a atenção o interesse dos professores com esses garotos... Todos me pareceram super pacientes e esforçados em trabalhar num sentido de fazer esses jovens, senão integrar-se, pelo menos falar a língua do país onde vivem.

Os jovens de Barcelona...

Os jovens aqui são muito "espetaculosos" (termo que eu e Luluzinha adoramos usar). Eles vestem-se com roupas extravagantes, usam 376437637563756 piercings espalhados pelo corpo, cabelos com os mais variados tipos de penteados e cores, tênis coloridos (cada pé de uma cor distinta), enfim... passei a achar a juventude que frequenta o Parque da Redenção em POA aos domingos até monótona...

Aqui não tem muito o estilo "Patricinha e Mauricinho", tão comum no Brasil (pelo menos em Fortaleza), parece que a regra é chocar. Hoje vi um rapaz com a calça tão lá embaixo, mas tão lá embaixo que não sei nem dizer... Sério, a cueca do indivíduo tava toda pra fora. Não é moralismo nem indignação não, é só surpresa mesmo! Acho que os jovens de Barcelona dão um capítulo especial na minha tese, com vivëncia in loco da situação... hauahauhauhauah.

A UAB...

A UAB é uma universidade fantástica... Um pouco longe do centro de Barcelona, mas fica numa região lindíssima, montanhosa, verde e de alto poder aquisitivo. Parece uma daquelas universidades de filme. Só não é tão bonita quanto a Unisinos, porque igual a Unisinos não há (heheheh, momento saudosismo!). Mas o que me impressionou mesmo foi a puta estrutura da universidade... Primeiro a biblioteca de Comunicação. Você encontra só tudo lá dentro. Simplesmente tem uma estante só de revistas do Brasil (e obviamente de outros países). Só de VEJA têm alguns milhares. Livros, revistas, DVDs, VHSs, um mundo de coisas que você pode locar. Estúdio para os alunos de jornalismo e publicidade não tem só 1 não... são, sei lá, 3 estúdios de rádio, 2 de TV, bancadas fenomenais para a "apresentação" de telejornais... Acho que um andar do prédio é só de estúdios. A UAB é enorme... a minha orientadora daqui diz que acha que nunca vai conhecê-la toda. Tem a Praça Cívica, que é como se fosse o "coração" do Campus. Lá tem livrarias, agência de viagens, lugares para tirar xerox, bancos e até cabelereiro (pensam que é só a Unifor que tem shopping?! Huahuahauah). E tem tipo uma praça de alimentação com inúmeras opções de lanches e refeições, com preços não muito condizentes com a esfera universitária.

A visita à UAB vale até mesmo para quem não tem nada a ver com a universidade. Vale só pela paisagem que se vê do lado de fora do trem... dá uma vontade de ser rico e morar num daqueles apartamentos e daquelas casas ajardinadas e poder fazer cooper (falou o que faz cooper todo dia) naqueles caminhos gramados e verdes.

Nem tudo são flores...

Tem umas coisas aqui que me impacientam um pouco... Claro que eu sei que é cultural e tal, mas certas atitudes me parecem um pouco de descaso com o consumidor. Por exemplo, se você chega meia hora antes da hora em que o supermercado fecha você já não pode mais pegar carrinho (acho que eles têm medo que você faça uma compra grande e atrase o fechamento)... Ora mais, não sabem nem o que eu vou comprar e já me proibem de pegar um carrinho!!! E aqui, pelo menos nos dois supermercados onde já fui, não tem as cestinhas... Ou seja, ou você usa o carrinho ou carrega nas mãos mesmo! Agora já peguei a manha e só vou ao mercado com o "carrinho" da Othita (dona do apt. onde moro), que não é bem um carrinho, mas uma sacola grande e comprida com rodinhas na parte de baixo. Você leva ela dobrada e abre quando chega ao mercado. E ainda traz tudo para casa na sacola-móvel, que tem ótima dirigibilidade. Tudo perfeito, não fosse a estampa da sacola... Huahuahauhauhuhau. Flores e frutas, tudo-de-uma-vez-agora!!! Outra irritação: tem um restaurante aqui na esquina de casa que vende o prato do dia a 4 euros (comida gostosa e honesta na quantidade). Quando eu vou lá (normalmente como em casa ou na universidade) é mais ou menos na mesma hora (obviamente um horário que eu tenho certeza de que o negócio tá aberto). Eis que essa semana fui lá na hora costumeira e o restaurantee estava fechado!!! Assim, do nada, eles resolveram fechar! E eu não tinha nada para comer em casa, e já tinha assumido uns compromissos para a tarde... ou seja, fiquei de pés e mãos atados. Acabei tendo que reformular toda a minha programação para poder ir ao supermercado em plena tarde. Confesso que a mí no me gustó...

Curiosidades de Barcelona

Aqui tem muito preço terminado com 9... $2,69, $3,29, etc., mas, ao contrário do que acontece no Brasil, eles SEMPRE te dão o 1 centavo do troco, sempre mesmo. Nunca tive tantas moedas de 1 centavo como agora... E como aqui não tem guardador de carro (e muito menos eu tenho carro aqui! hauhauahau) pra gente "desovar" as moedas elas vão ficando...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Barcelona!!!

Barcelona é uma cidade linda... E tudo aquilo que sempre ouvi falar dela tem se mostrado verdade, pelo menos até agora. Arte por todos os lados, cultura, aquele charme europeu, milhares de coisas para fazer, inúmero pontos turísticos, gente de todos os lugares. Andando nas áreas turísticas você escuta castellano, catalão, inglês, português, francês, italiano, alemão e algo como chinês/japonês e toda a gama de idiomas asiáticos que não sei diferenciar... rsrs. A cidade parece que não pára nunca. Bem, depois de 10 dias em Barcelona sigo dizendo que ela é encantadora, como cidade turística e como lugar para se viver. Quero fazer meu pós-doc aqui também, dessa vez com a Luluzinha e com o nosso filhinho! Hehehehe.

O embarque...

"Engraçado", dizia eu para a Luciana, minha noiva, "parecia um sonho tão longe... faltava tanto tempo... e agora está prestes a se realizar...". Era uma sensação muito diferente. Embarquei com muita expectativa, com a cabeça cheia de sonhos de uma experiência inesquecível. Mas também com o coração doído de saudades... Não foi fácil deixar minha noiva e minha mãe às lágrimas... não foi fácil saber que tão cedo não vou ver meu pai, minha irmã, meus sobrinhos... Mas nem tudo é perfeito, né?! Alegra-me saber que todos estão bem em Fortaleza, reconforta-me saber que em outubro a Lu (noiva) estará por aqui (já imagino nós dois caminando por Las Ramblas...) e que em dezembro a Lu (irmã), o Ronald, o Alexandre, a Claudia e o capetinha lindo e simpático do Giovanni estarão por aqui para me visitar e matar as saudades. Entrei naquele avião tendo a certeza (e jurando para mim mesmo) de que quando voltar à Fortaleza, daqui a 1 ano, serei uma pessoa muito maior do que sou hoje. Não maior de gordo (rsrsrs), mas maior de conhecimento, de experiência, de vida e de aprendizado. E quando eu juro eu cumpro.

1 ano de preparação...

Em março do ano passado eu dava o primeiro passo efetivo na busca de realizar o doutorado-sanduíche na Espanha: comecei o curso preparatório para a prova do D.E.L.E., a proficiência em língua espanhola exigida pela Capes para me conceder a bolsa. Foram 10 semanas de aula, nas quais eu levava quase duas horas para ir de São Leopoldo ao Instituto Cervantes em POA, e mais quase duas horas para voltar. Mas valeu muito a pena, pois o curso foi muito bom. Aconselho a todos que querem fazer a prova do D.E.L.E. que façam o preparatório do Cervantes. Em maio veio a prova. Em junho, julho e agosto eu vivi praticamente para avançar no relatório de qualificação, pois a aprovação na defesa de quali era um elemento fundamental para ter o pedido de bolsa-sanduíche aprovado. Em julho também mantive várias conversas com minha co-orientadora na Espanha, mandando-lhe o projeto de doutorado-sanduíche e recebendo, pelos correios, a carta de aceitação dela e da Universidade Autônoma de Barcelona. Em 20 de agosto finalmente saiu o resultado da prova do D.E.L.E. e eu havia sido aprovado! Em 25 de agosto foi a defesa de qualificação e eu também fui aprovado. A partir de então os dois elementos básicos para a solicitação da bolsa PDEE (bolsa-sanduíche ofertada pela CAPES) estavam assegurados. A partir de então seriam mais procedimentos burocráticos, muuuuuuitos documentos, papéis, certificados, etc. Em outubro entrei na seleção da bolsa PDEE, cujo resultado saiu somente em 7 de janeiro. Lembro-me perfeitamente do grande dia... abri o e-mail por volta do meio-dia e estava lá uma mensagem da Secretaria do PPGCC (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação)informando que meu pedido de bolsa-sanduíche havia sido aprovada para início em março. 2 meses e dois dias depois eu estava embarcando para Barcelona!