domingo, 9 de maio de 2010

À minha mãe...

Sei que o objetivo do meu blog é falar sobre as experiências de vida aqui na Espanha, mas peço permissão aos meus leitores para hoje mudar o tema nesta postagem especial.

Hoje é o dia das mães aí no Brasil (aqui na Catalunya foi domingo passado) e este é o quinto ano seguido que não estou fisicamente com a minha mãe no dia dela. A vida é assim mesmo, as escolhas que a gente faz e os caminhos que percorre têm seus prós e contras. E os contras da minha caminhada rumo ao futuro que planejo para mim são estar longe da minha família em algumas datas tão preciosas como essa. O que eu faço para poder superar essas perdas é tentar mostrar à minha mãe que, na verdade, ela é importante para mim em todos os dias, e não somente 1 vez ao ano.

Acho que eu poderia escrever um livro inteiro sobre a minha mãe, tamanho é o meu conhecimento sobre ela. Seria um livro que falaria muito de amor, pois eu acho que é essa a palavra que melhor define a nossa relação. Como eu ainda não pude fazer esse livro (quem sabe um dia...) eu faço um post no meu blog.

Eu acho que a minha mãe foi mãe em todas as suas vidas passadas, porque ela exerce essa função com tanta perfeição e brilhantismo que eu não posso acreditar que ela tenha aprendido tudo isso em uma só vida. Ela é amorosa sem ser grudenta, preocupada sem ser obcecada, interessada sem ser enxerida, moderna sem abrir mão de certos valores, enfim, ela consegue passear com delicadeza e sabedoria pela tênue linha que separa cada um desses extremos.

Talvez seja por isso que a minha mãe foi mãe tão cedo, para que sua vocação pudesse ser aproveitada intensamente pelos 3 privilegiados filhos. Com apenas 21 anos ela já tinha um filho, e com 23 – uma menina ainda – ela já era mãe de um casal. Com uma trajetória de vida baseada no amor, esse sentimento foi sempre vivido de forma incondicional por ela. A minha mãe ama. Ama muito. E é extremamente amada também.

A minha mãe é mãe três vezes, e não porque ela têm 3 filhos, mas porque, além dos filhos, ela tem netos, e os ama de uma maneira sem igual, sendo uma avó sempre atenciosa e presente na vida deles. E, além dos filhos e dos netos, ela ainda é, muitas vezes, mãe do meu pai! Hahahaha.

Além de todas essas qualidades, a minha mãe ainda é uma mulher de muita coragem, uma vitoriosa, que sempre supera todos os obstáculos que a vida, algumas vezes, teima em nos trazer. Ela venceu com fé e bravura um câncer de mama há mais de dez anos, enfrentando de cabeça erguida um cenário de medo e tristeza. Ela era a mais sã de todos nós e, pasmem, era ela quem nos colocava para cima. Agora ela está vencendo mais um desafio. Depois de uma queda, de uma cirurgia e de mais duas outras cirurgias para corrigir a primeira (cujo médico (ir)responsável cometeu um erro), a minha mãe está voltando a andar!!! Sozinha, sem a ajuda de andador! E é uma emoção indescritível poder acompanhar tudo isso, mesmo que de longe. Eu nunca duvidei da sua garra e sempre tiver certeza de que isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde.

A minha mãe é tão corajosa quanto coruja, e não experimentem falar perto dela que a unha do dedo mindinho do pé do Alexandre, da Luciana ou do Daniel é feia porque ela roda a baiana. Mas roda com classe, porque, acima de tudo, ela é uma mulher muito chique e elegante.

Eu e minha mãe somos extremamente ligados um ao outro. Quem sabe pelo fato de eu ser o filho caçula, 9 e 11 anos mais novo do que os outros dois, ou porque vivi sozinho em casa com ela e papai por sete anos. Talvez ela nunca teve que “se dividir” com relação a mim, como as mães muitas vezes fazem quando têm filhos com idades aproximadas. Ela sempre foi inteiramente minha. É esse amor imensurável que nos une que faz com que nos falemos todos os dias, desde o dia em que saí de casa para morar no Rio Grande do Sul, no início de 2006. A distância física nunca separou nossos corações e nossos pensamentos. E eu consigo saber se ela está chateada com alguma coisa já a partir da primeira palavra que ela pronuncia. Pelo “alô” da minha mãe eu sou capaz de dizer como ela está!

Mãe, como eu sei que você sempre dá uma lidinha no meu blog (sim, a minha mãe é antenada com as novas tecnologias e em 1996, quando poucas pessoas usavam a internet, ela já escrevia e-mails ao meu irmão, que mora desde esse ano nos EUA) resolvi fazer essa singela homenagem. Singela porque eu sei que você merece muito mais do que isso. Você, como eu já disse outras vezes, é a personificação da palavra MÃE. Te amo muito e não tenho vergonha alguma de escrever isso aos quatro cantos.

Também quero parabenizar outras três mães maravilhosas, e que eu acho que merecem todas as atenções na data de hoje (mas não só na data de hoje). Minha irmã, Luciana, mãe amorosa, que faz tudo pela felicidade do Pirra e do Teteus; minha cunhada, Cláudia, mãe dedicada, que não mede esforços em prol do bem-estar do Nanny; e minha sogra, Rita, mãe zelosa, sempre presente na vida dos filhos, e que me trata com todo amor e carinho. A esses 3 exemplos de mães tão especiais vão as minhas felicitações e os meus votos de muita paz, saúde e amor ao lado de seus rebentos.

E ao meu exemplo maior e mais completo do “ser mãe” vai o meu sincero agradecimento. Obrigado, mãe, por você significar tanta coisa para mim. Esse reconhecimento meu é tão somente fruto de algo conquistado dia após dia por você, durante todos esses anos, nas mais simples coisas do cotidiano. Conversar na varanda de casa com você e o papai, almoçarmos juntos na cozinha, falarmos por skype e deixarmos Barcelona bem pertinho de Fortaleza são coisas que valem mais do que qualquer tesouro para mim.

Com muito amor,
Daniel.
Barcelona, 9 de maio de 2010.

3 comentários:

  1. Nossa Dani! Desse jeito nós mães, principalmente de filhos ausentes,ou que não tem mais mãe presente, temos que pegar um lençol para enxugar as lágrimas.Muito linda sua declaração de amor e só por seu comportamento, seu desempenho na vida,a aceitação dos valores que seus pais lhe têm passado,eu diria que é um grande presente que vc dá constantemente a sua mãe. Que vc sirva de exemplo a outros tantos moços de sua idade através desse seu comportamento e senso de responsabilidade.Bjs Elbia

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  2. Nossa, que lindo! Me arrepiei! Parabéns pela mãezona, e mesmo sem conhece-la, senti muito orgulho da história dela. Um abração!

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  3. Obrigado Elbia e Germana!!! Que bom que vocês gostaram do texto. bjo nas duas!

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