É uma experiência muito louca esse de você deparar com outra língua, com outra forma de falar das pessoas que estão no teu entorno. E é aí que você descobre que só se aprende uma língua verdadeiramente quando se vive essa realidade onde este idioma está inserido.
Não sei se porque eu estudei espanhol em um estado (Rio Grande do Sul, tchê!) que faz fronteira com outros países que falam o castellano (e acaba, quem sabe, sofrendo alguma influência desses países na configuração da aprendizagem do espanhol) eu acabei aprendendo uma série de coisas que não se aplicam na prática, ou que simplesmente não são faladas no espanhol da Espanha. Suco, por exemplo, não é jugo, mas sumo. Não que jugo esteja errado, mas ele simplesmente não é falado aqui. Feijão não é poroto, mas frijoles. Poroto é falado na Vanezuela, segundo me contaram. Refrigerante não é gaseosa, mas refresco. Gaseosa seria tipo aquelas águas tônicas.
E assim vão surgindo essas descobertas da língua, das coisas que a gente aprendeu de um jeito mas que, na verdade, dizem muito mais respeito ao castellano da Argentina e do Uruguai, por exemplo. Isso sem falar no quão rico é a aprendizagem das gírias e das expressões, afinal a gente fala e relaciona-se com pessoas, em seus cotidianos, e não com livros e enciclopédias que só usam a norma culta da língua... "No pasa nada": não tem problema, tá tudo tranquilo; "ya está": ok, deu, é isso; "guay": legal, massa; "joder": foda-se; "tío": cara; "puta madre": do caralho, muito massa... enfim, são tantas expressões que se eu fosse falar todas não ia parar nunca mais.
É fascinante poder viver essa experiência de aprender (ou reaprender muitas vezes) uma outra língua. Esses dias eu tava lendo um livro do Alejandro Grimson, sobre interculturalidade, e ele dizia que era interessante perceber como as pessoas que acabam de chegar a um outro país quando vão falar o novo idioma parece que estão em um laboratório, desconectados da realidade, do mundo da vida daquela língua. É isso mesmo... só com o tempo esse laboratório vai saindo de dentro da gente. Ou será que somos nós quem saímos do laboratório e vamos encontrando o contexto da fala?
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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Aprendi a pouco tempo o "hasta los cojones", é meio como se fosse un estoy harto, estou de saco cheio, estou por aqui!!!! hehehe! Beijocas
ResponderExcluirvC CONHECE O DITADO "CADA TERRA COM SEU USO, CADA ROCA COM SEU FUSO"? É meio antigo, mas se enquadra no assunto por vc tratado. Pronto...voltei a comentar no seu blog. Bjs Elbia
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