Acho que pela primeira vez na vida estou conseguindo ter uma noção das dimensões do fenômeno da migração da sociedade contemporânea... Quando que eu poderia me imaginar jantando com uma chilena, uma mexicana, uma espanhola, uma argentina e um colombiano, fora uma brasileira? Sem contar que eu moro com um colombiano e com uma equatoriana. Aqui tem gente de toda parte do mundo, e não é uma coisa restrita ao circuito turístico, falo de pessoas do mundo todo que MORAM aqui.
Pouco antes da Páscoa fui em um lugar que penso que seja algo como a "Polícia Federal" daqui, para solicitar meu NIE (que é a autorização para o extrangeiro morar em Barcelona). O susto começou quando vi a fila na rua... Enorme! Eles chamam de 50 em 50 para entrar no prédio, pegar a senha e esperar para ser atendido. Quando eu estava na fila já haviam chamado uma "leva" de 50, eu estava no segundo grupo. E quando sai havia uma outra "leva" para entrar. Ou seja, só nesse dia foram, no mínimo, cerca de 150 pessoas de outros países pedindo essa autorização. Na verdade o número pode ser bem maior, pois não faço idéia de quantos grupos eles chamam por dia.
Lá dentro do prédio, com a senha na mão, comecei a observar as pessoas em volta... negros, brancos, amarelos, louros, morenos, com olhos puxados, sem olhos puxados, novos, velhos, crianças, gente com todo tipo de feição. Como eu sou curioso comecei a tentar ver os nomes escritos nos passaportes... República Dominicana, Perú, Colombia e alguns com uma escrita que eu não entendia (japonês, árabe, etc.).
Fico me perguntando o que essa gente toda quer aqui... Será que é só melhorar de vida? Será que é um desejo de liberdade, de viver em outro país? Será que é para estudar, como eu? Enfim, nesse contato apenas do olhar não deu para responder às minhas inquietudes.
Mas com os migrantes (colegas brasileiros, colegas da UAB, colegas dos colegas) os quais eu tenho ultrapassado o contato apenas do olhar e tenho conversado me chama atenção a variedade de situação que essas pessoas vivem cotidianamente em seus processos migratórios. Tem gente rica sustentada por pai e mãe, tem gente que juntou o dinheiro para pagar o curso, mas para se manter aqui tem que cortar um dobrado, tem gente que tem bolsa (a minoria), tem gente que fica indo e voltando, enfim, tem gente de tudo quanto é jeito por aqui... E eu tenho gostado de conhecer toda essa gente. Filosofando um pouco (tá, eu tinha prometido que não ia filosofar, mas é só dessa vez), é conhecendo os outros que conhecemos a nós próprios, né? É assim que se configuram as identidades... E as identidades aqui em Barcelona são verdadeiramente múltiplas!
sexta-feira, 9 de abril de 2010
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